sexta-feira, 31 de julho de 2015

Oceano

Abraço o Oceano na sua vastidão
Como Ismália, quero a lua do céu e do mar
Sinto a tentação de voar da minha torre
Como a gaivota, as asas de par em par!

Abraço o Oceano em busca de aconchego
Ouço sua música no contínuo vai-e-vem
As ondas quebrando com a força da natureza
Assim como a natureza quebra meu corpo!

Abraço o Oceano minha estranha solidão
Solidão de puro capricho, ou destino,
Nos caminhos da vida ao longo do tempo
No amor de retalhos do meu coração!

Abraço o Oceano na sua sabedoria
Persistente no ir e vir, quebrando pedras
Imponente na sua solidão, comanda o tempo
Permanente dia e noite em movimento!

Abraço o Oceano como em celebração
Tema dos enamorados, poetas, cantores
Se faz romântico no seu ir e vir
Ou se faz em fúria engolindo a terra!

Abraço o Oceano na sua caprichosa beleza
O rico azul das águas profundas
Riscadas por ondas atrevidas
Beija a terra ajoelhada aos seus pés!

Abraço o Oceano imenso indiferente ao tempo
Indiferente à vida dos homens infinitamente curta
Com a certeza de se saber eterno, infinito
Não conhece o medo que o fim inspira!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Asas



Perdi minhas asas na vida
roubadas assim sem aviso
não vi o tempo passando
nem como foi tão precioso!
Ah! se eu soubesse antes 
o que agora sei!
Tinha vivido mais vida,
alçado voos mais altos,
quem sabe amado mais,
gostado mais do meu eu
do meu corpo,
dos meus olhos!
Rugas não me importam
são parte da mim mesma,
importam apenas as asas
os voos, a força, as pernas!
Imóvel, padeço a dor,
A dor hoje  presente;
Padeço olhando o futuro
Será que adivinho o que vem?
Perdi minhas asas.
assim, como num vento!
Um caminho imposto,
um estorvo, uma cruz!
Eu que dançava sem música!