quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Saudade - Dia do poeta


A lua está quase cheia
é saudade
saudade que é  lapiseira e trago nas mãos.
Escrevo,
lembro o fogo que já me tomou
que me deixou trêmula
banhada em delírios
meus olhos em farol alto!
E a lua quase cheia
foi o voo que me levou
às estrelas dos meus planetas!
Meu sonho vagando na linha do horizonte
onde o céu se confunde com o mar,
e a dor com o amor!
Saudade é olhar nestas estrelas
sorrir sem saber por quê;
Deixar que uma lágrima
seja beijo em meu rosto,
Lembrando a saudade
uma pequena lapiseira azul 
nas minhas mãos!
A lua está quase cheia

escrevo...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Amor, Amante

O amor que quis vestida de Cinderela, 
tule de estrelas faiscantes, 
amor que despertou,
desabrochou em botão, 
abrindo suas pétalas,  
num misto de fantasia
fonte de oxigênio,
regado como rara orquídea, 
rumo e razão de existência, 
o amor puro, pleno, 
amor paixão, denso, sensual, 
as vezes devasso, 
sempre intenso; 
amor buscado, 
as vezes encontrado.

Eu,  a deusa do amor, prenha de vida, 
Deusa, porque o amor é mulher, 
uma mulher tão insensata! 

Feminina como a natureza, a Terra, Gaia, 
a vida, a morte, 
a fertilidade, a masculinidade. 

Deusa mulher, com peitos de leite, 
   ventre livre, talvez prenho
deusa mulher como a eternidade, a paixão, a inteligência, 
a crença, a fé, as flores, as cores, as dores, a saudade, a musa! 

O amor de paz, estado de espírito, conforto interno! 
O amor de paixão, de entrega!
 Amor, Amante!

Assim estive 
ou estou
e estarei
como nos braços de um anjo, 

para o amor amante imaculado!

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Quase uma Oração

Deus! as vezes a vida é tão difícil
sinto um peso tão grande,
quero olhar para as nuvens,
procurar uma luz no horizonte,
é o silêncio que me perturba
o que fazer assim tão parada
por que não vejo o sol
sou fraca, sou frágil,
não sou valente
nem corajosa
enfrento falsamente
não estou feliz
não posso aceitar
sentar numa cadeira
e olhar o horizonte
até anoitecer
e adormecer
eu, que queria ser uma velha alegre,
dançando valsas aos setenta
estou desfeita e nem lá cheguei.
Não tenho coragem
Apunhalo meus versos
apunhalei minha vida
Como entender aceitação
E o que é aceitação?
desapego?
é perda,
chorar uma lágrima
sem som,
com os olhos apertados
sem alegria para dar,
nem viço, nem brincos
os braços vazios dos afagos,
O que deixei,
eu, minha Lili, minha casa
como vou me perdoar?
eu mesma
esperar
compreender
desatar os nós
que me prendiam ao meu ninho
Deixei que se perdesse
Mas serei feliz
mesmo assim, sem Lili
serei feliz assim
farei de um quarto uma vida
Deus, como é difícil
sou tão pequena neste Universo
como vou merecer Seu olhar
como assim, eu que era paixão
minha vida escapou por entre meus dedos
por meu silêncio
minha angústia
minha incompreensão
não aceitação
limitação
só sei ouvir o barulho do mar
o que mais vou fazer?
pastel de Sta Clara!
Amém.



domingo, 16 de agosto de 2015

Carnaval

Escolho ser princesa, talvez odalisca,
as vezes apenas espio,
é Carnaval, meu bem, só dura três dias,
ficam as fantasias…
É Carnaval, tudo pode acontecer,

do mar surgiu o Filho de Tritão,
um deus misterioso, sintonia,
tornei-me serei em seus braços,
dançamos em blocos, saímos…
é Carnaval, meu bem, é praia, é prazer
na águas verdes do mar,
é Carnaval, tudo pode acontecer
embevecida em fantasia
o filho de Tritão me olhou
com olhos verdes do mar.
eu de cigana, vadia, nem li suas mãos,
é Carnaval, meu bem, veio e passou,
não me leve a mal,
mas vou brincar, meu bem;
são só três dias e não sou de ninguém.
Tempo de fantasia, não sei com quem vou
só não quero um Pierrot;
eu de cigana vadia, princesa, bailarina,
é Carnaval, meu bem,
tem até Baile de Máscaras,
tenho os bolsos cheios de confete
me enrolo em serpentinas
tão linda a fantasia
num Carnaval que passou,
o ritmo, alucinante,
meu sangue negro pulsante
na dança do vai e vem
oferta, oferenda, sedução.
Sou rainha, estou perdida
é carnaval, sou fantasia;
aconteceu no Carnaval,
bem no meio da folia,
foi mais que fantasia
é segredo, é Carnaval,
cada vez, meu bem, só dura três dias,
levo o estandarte de ouro
meu Carnaval, meu tesouro
estandarte mais delicado,
leve como o amor
tão belas as fantasias
vou passar fora três dias,
não esqueças, meu bem
é Carnaval por três dias!



quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O Velho Matreiro


Ora, que Velho matreiro,
de fraque de linho,
gravata borboleta
perfume francês!

Veio da pobreza,
Na pobreza morreu!

Mas este Velho matreiro
Enricou e foi rei,
Ford de Bigode
Banda de música
Ah!  Este cara sabia
o valor do seu ouro,
de como fazer a vida
p’ra sua gente querida,
dava p’ra um e p’ra outro,
sempre fazendo que um
nunca soubesse do outro.
Ah! Que Velho Matreiro!

Em casa nunca faltou
Nem um minuto atrasou.
Mas na rua ,se deleitou!
Valha-me Deus, 
Nossa Senhora!
Ora, mas faça o favor
Ele tinha bom humor!



Só sei que era bom
O danado do Velho Matreiro.

Nunca esquecia
a empadinha da janta,
Rodouro do Carnaval,
dinheiro do cinema,
chiclete rogado!

Oh! Velho manhoso,
Chefe de família pomposo,
Tão fácil sucumbia
aos babados de uma flor;

Pagava casa e comida
Até encontar outra flor.
Achando outro jardim
p’ra jogar a flor deixada.

Criou todos os filhos,
Sabia ser generoso.
No sábado via Chacrinha,
no domingo ia à Missa.

E outros passeios fazia
Ele apenas escondia!

Ah! Velho matreiro
Tão frágil no ocaso da vida!

Tocou minhas mãos com amor,
Chorou uma lágrima de dor
Dizendo não merecer
O doce nome de Vô.



Mas que Velho corajoso
desfez-se das vaidades,
deixou o orgulho pra trás.
Eu, admirada,
Velho bondoso!
Caí aos seus pés,
beijei-lhe as mãos.
Oh! Vovô, Meu Vovô Meu!
Pega meu abraço,
esquece os desmandos da vida!
Pecados? quem não os tem?
Pega meu beijo Vovô
Deixa os males p’ra trás
Deixa, Vovô querido,

Ainda resta viver em paz!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Oceano

Abraço o Oceano na sua vastidão
Como Ismália, quero a lua do céu e do mar
Sinto a tentação de voar da minha torre
Como a gaivota, as asas de par em par!

Abraço o Oceano em busca de aconchego
Ouço sua música no contínuo vai-e-vem
As ondas quebrando com a força da natureza
Assim como a natureza quebra meu corpo!

Abraço o Oceano minha estranha solidão
Solidão de puro capricho, ou destino,
Nos caminhos da vida ao longo do tempo
No amor de retalhos do meu coração!

Abraço o Oceano na sua sabedoria
Persistente no ir e vir, quebrando pedras
Imponente na sua solidão, comanda o tempo
Permanente dia e noite em movimento!

Abraço o Oceano como em celebração
Tema dos enamorados, poetas, cantores
Se faz romântico no seu ir e vir
Ou se faz em fúria engolindo a terra!

Abraço o Oceano na sua caprichosa beleza
O rico azul das águas profundas
Riscadas por ondas atrevidas
Beija a terra ajoelhada aos seus pés!

Abraço o Oceano imenso indiferente ao tempo
Indiferente à vida dos homens infinitamente curta
Com a certeza de se saber eterno, infinito
Não conhece o medo que o fim inspira!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Asas



Perdi minhas asas na vida
roubadas assim sem aviso
não vi o tempo passando
nem como foi tão precioso!
Ah! se eu soubesse antes 
o que agora sei!
Tinha vivido mais vida,
alçado voos mais altos,
quem sabe amado mais,
gostado mais do meu eu
do meu corpo,
dos meus olhos!
Rugas não me importam
são parte da mim mesma,
importam apenas as asas
os voos, a força, as pernas!
Imóvel, padeço a dor,
A dor hoje  presente;
Padeço olhando o futuro
Será que adivinho o que vem?
Perdi minhas asas.
assim, como num vento!
Um caminho imposto,
um estorvo, uma cruz!
Eu que dançava sem música!